Monday, December 11, 2006

NOVA DELI


NOVA DELI

Estou viciada no som das minhas pulseiras, viciada em por-do-Sol, viciada em falar com toda a gente na rua.
Estou viciada em havaianas e pes sujos, em vestidos indianos, viciada em escrita.
Viciada em brincadeiras e em sorrisos, em ruelas barulhentas e terracos de ultimo andar. Estou viciada em mim e nos meus olhos que no outro dia vi num espelho. Volto hoje para Portugal.

Nova Deli, 11 de Dezembro de 2006

Friday, December 08, 2006

UDAIPUR


UDAIPUR, 8 DEZEMBRO


Incriveis sao os emails que recebo vossos. Tocam-me no coracao. Fazem-me escrever ainda mais! Nem imaginam o que me fazem sorrir. Especialmente noticias do meu sobrinho que ja come papa e faz BRRRRRRR e borrifa tudo!

Oito horas de Pushcar a Udaipur. Parecia facil... nao fosse uma janela que se abria sozinha e um indiano que nao se importava com o frio.
Dizem ser a terra romantica... dai eu e a Pi a pedalar de gaivota no meio do lago... em redor e como se fosse dos tempos dos marajas... cupulas redondas e janelas recortadas... ruas sempre estreitas e terracos... sempre a tentar o mais alto para se ver melhor... mais um por do sol e mais luzinhas de natal... mais conversas por todo o lado... e impossivel andar na rua sem ter vontade de conversar... de perguntar o que e aquele palacio ao longe... ou qual o nome do Deus que desta vez esta pendurado... ou simplesmente o porque de coisas simples.
Amanha vamos por ai e a noite comboio para Deli... a ultima viagem. Deli e uma cidade que assusta qualquer viajante. Costuma ser a porta de entrada na India. As historias de todos sao semelhantes...quando se pensa o que se esta a fazer nesse local e nesse momento. Nao esqueco os dois dias em Deli ha seis anos atras. Demoraram 48h ate que comprasse 1 bilhete para o Nepal sem intencao de voltar (voltei 2 semanas depois para varanasi). Agora anseio por me enfiar no caos de Deli por um dia antes de voltar! Quase como uma droga desconhecida que se quer experimentar.
Beijos
Joana

Thursday, December 07, 2006

NO TITLE


SEM TÍTULO

Estou eu sentada num sofa a espera de um computador... venho do terraco onde estive a decidir descer as escadas ou nao (sao alguns emails que recebo de voces que me faz continuar a vir a internet)... chega um indiano jovem e na flor da idade e pergunta-me o habitual, ao que respondo que sou portuguesa. E e aqui que tudo se torna curiosamente estranho. Fala-me que na escola aprendeu que havia um rapazito em Portugal, muito famoso. Bastava o rapazito querer e uma onda enorme cobria Portugal inteiro, ou talvez... que se os seus pais se separassem a onda vinha e inundava tudo... e que... ainda nao acaba aqui!... no fim acho que ele vendia o Pais (Portugal...). Eu estou admirada como nunca e pergunto-me se percebi bem, mas os indianos ate falam bem ingles... ele acha estranhissimo que eu nao conheca o rapaz... eu acho que ele esta pior que eu. Entao chega um amigo dele. Sei que lhe pergunta em Indiano se conhece o rapaz portugues que vendeu o Pais (nao sei a quem...). O outro encolhe os ombros e olha para ele com cara de quem nem sequer quer saber... Depois e de repente aponta para um calendario na parede e diz que foi ele que fez : " Sonal, computers and printers, PushKar". Sonal e o nome da avo dele, mulher de boa sorte!.
Estranho nao acham?
Mais uma vez beijos
Joana

Wednesday, December 06, 2006

PUSHKAR



PUSHKAR, 6 DEZEMBRO

Deixei varanasi as 17h20 num comboio que deveria chegar as 11h20 do dia seguinte... chegou as 15h... rikshaw para a estacao de camionetas... camioneta as 16h... chegada a lado nenhum, meio da estrada em Ajmer as 20h... rikshaw para a estacao de camionetas... camioneta para Pushkar as 21h30... chegada as 22h... nao foi das piores...
Pushkar, pequena cidade sagrada em redor de um lago e onde existe um dos poucos senao o unico templo de Brahma. E azul, verde, rosa e amarela palido. Pequena e bonita.
Oferendas ao lago. Flores rosa forte, julgo que camelias.
Rajastao. Nada para fazer... Um terraco no ultimo andar cheio de almofadas decorado com luzinhas psicadelicas... na verdade luzinhas de natal que acendem e apagam sem nenhuma ordem logica. Passamos a tarde os cinco. Ve-se o centro ao longe a rodear o lago e montes de terracos. Daqui a vista e mais castanha, sao terracos quase por acabar e nao estao pintados. Mas e aqui que se sobressaem as mulheres do rajastao. Sarees rosa e verdes fluorescentes, vermelho como o vermelho de pintar as unhas. Veem-se cores a passar, as vezes isoladas outras vezes nao.
Vi uma indiana muito negra de olhos azuis penetrantes com um saree roxo e dourado. Um brinco no nariz que reflectia os ultimos raios de sol. Uma pinta vermelha na testa.
Conheci um indiano velho com quem conversei no primeiro dia em que acordei em Pushkar... deveriam ser oito da manha e estava uma luz linda... ele de branco com um lenco vermelho, eu com uma saia com flores cor de rosa. Contou-me imensas historias de deuses ali nos degraus em frente ao lago... estavamos so os dois.
Perguntam-me o que mais gostei na India... sem pensar muito os sons. As cores tambem e os cheiros. Mas mais os sons. Aqui ouvem-se ao longe. Sao buzinas estridentes, criancas, homens e mulheres, uma vaca que se afirma, caes, buzinas, tambores e buzinas, e criancas a brincar e vacas e buzinas. E uma misturada caotica que nos faz sentir vivos quando estamos la no meio.
Beijos
Jo

Monday, December 04, 2006

PARTIDA DE VARANASI


Hoje vou embora de Varanasi. Esta cidade e suja e tem gente pobre, criancas que pedem, velhos que dormem nas ruas, sujidade, toda a India e um pouco assim. E bom quando se consegue ver para alem disto. E bom conseguir ver Varanasi como um conto de fadas.
Claro que de vez em quando se esbarra de frente com esta pobreza e miseria toda e da-nos vontade de dar tudo. Ontem fui dar uma camisola a um rapazito que me explicou umas coisas do hinduismo. Os olhos dele brilharam, quase me fez chorar. Hoje vou embora porque tem que ser... nao tinha... mas sinto que esta na hora de seguir. Ontem ficaram-me na memoria os cheiros estranhos, as cores esbatidas, os sons... esses sim, a gritaria que se ouve ao longe da minha varanda, as pessoas, as escadas para o ganges, as ruelas, as dezenas de papagaios de papel, ...
Sei que mais uma vez vou voltar a Varanasi.
Beijos
Joana

Sunday, December 03, 2006

TABLA E FLAUTA


TABLA E FLAUTA

Ja passa da hora quando chegamos... atravessamos meia cidade velha... e inevitavel parar para conversar... beber cha...
"Chanden". Uma escadaria varanasiana, interminavel, esteita, degraus escorregadios de pedra gasta. Uma sala normal, um pequeno estrado de madeira, almofadas no chao. Sento-me satisfeita. Posters de uma tara budista, de Maria e Jesus, de um Ganesh mal amanhado, uma mistura de religioes que nao se entende.
Comeca a musica, nao se pode falar. Musica indiana muito pura. Ninguem canta. O da Tabla e um velho de calcas brancas indianas, dedos velhos com 2 aneis. O da flauta e quem exlica, quem comanda o concerto, tem cabelo preto comprido e um bigode enorme e a testa pintada. Quase hora e meia de concerto. Como quando nos sentimos a ter um momento especial e nao nos queremos esquecer.
Beijos
Joana

Saturday, December 02, 2006

POR DO SOL EM VARANASI

POR DO SOL EM VARANASI

Ontem fui ver o por do sol.

Atravessamos o rio para o outro lado donde se veem todos os Ghats de frente. Sao coloridos mas estao esbatidas as cores.
Todo o tipo de telhados se recorta no ceu. O sol esta a por-se por tras da cidade velha. Pousamos as maquinas... nada de fotografias. A minha cabeca esta cheia de estimulos. O silencio e o barco a remos na agua. Uma mao rio a dentro... afinal e o ganges...
Nao ha silencio nenhum, ouvem-se criancas a correr e gritar em brincadeira, gente que chama alguem, que discute, que joga. Ouvem-se vacas e os caes, os macacos aos gritos eram dispensaveis. Caes que uivam. As mesquitas abrem e comeca aquela ladainha muculmana pelo altifalante. Cada mesquita tenta ser a mais forte. Nao ha silencio nenhum, ha uns 5 ou 6 altifalantes com alguem que canta. E um burburinho louco, quase ensurdecedor.
As cores ja nao sao alanranjadas, sao azuis, sombras que se recortam no escuro. Ali no meio do rio tudo parece tao calmo. A poucas remadelas esta uma cidade cheia de vida. Se dependesse apenas de mim ficava por aqui ate ao fim.
Beijos

Joana

Friday, December 01, 2006

VARANASI


VARANASI

Varanasi e uma cidade magica. Uma India magica. Uma cidade velha cheia de ruelas. Ruelas tao estreitas que quase nao se ve o ceu. Templos pequenos, mais altares por cada esquina.
Tudo se vende. Iogurte, um doce de leite maravilhoso, bolos muito doces, uns fritos aos quais nao me arrisquei. Imagens sagradas do Hinduismo, potes com agua do ganges, mercearia, drogaria... tudo em ponto pequeno, cabe apenas o vendedor. Por todo lado um cha muito doce com leite que tambem ja aprendi a gostar.
Hoje quando comprava um brinquedo para o meu sobrinho 2 meninas apontavam para aquele casal de noivos que se poe por cima dos bolos de casamento, de plastico com um pequeno veu de tule. Comprei os elefantes para o Rafael e dois casais, um para cada menina. Deram-me um beijinho todas sorridentes.
Ontem conheci a irma de um rapaz que anda por ai, peguei nela ao colo, tem 6 meses e e linda. Tem os olhos pintados de preto como todas as crianças hindus... protege dos demonios.
Um rapaz que vende quinquilharia religiosa explicou-me os nomes dos deuses hindus. Estou uma craque noutras religioes.
Muito mais, um fervilhar de actividade. De repente e preciso encostar, vem uma vaca enorme que nao sabe pedir licenca. Muita gente, criancas, velhos muito velhos, vida muita vida, cheiro a incenso, a bosta de vaca por lado o lado, cheiros estranhos de comidas, de perfumes patcholis.
Beijos
Joana