KYOTO
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Shinkanssen, o comboio bala para Kyoto.
Em Gion vejo a primeira gueixa, fascinada, eu.
Distinguem-se pela maquilhagem branca que termina primorosamente desenhada no pescoço alongado pelo descair do Kimono. Esplendorosos penteados e sumptuosos Obis apertados atrás. Poucas guetas ainda são de madeira e o seu som está em extinção nas ruelas de Gion.
Anoitece e duas Maiko desaparecem a uma velocidade estonteante no bairro das casas de telhado negro. As lanternas vermelhas acendem-se e as janelas são intransponíveis aos olhares indiscretos.
Restaurantes de charme em Pontocho Dori.
Um bar, literalmente um bar, escuro, minúsculo, inimaginavelmente minúsculo.
Os primeiros e provavemente únicos japoneses que arriscam conversar connosco.
“Hotspring Mountain Peace Eternity”, “North Exit Hope Mountain” e “Stone Black Fight Toleration”. O meu nome? Não tem significado, respondo meia desiludida.
Uma noite deliciosa de cinco pessoas que dificilmente comunicam mas que se esforçam e se riem felizes quando se entendem.
E templos, templos e templos. A estranheza do primeiro jardim Zen. Uma árvore repleta de papéis, um ritual estranho e Yon Ban que não sei o que significa. Escrevo a mensagem e amarro-a delicadamente a um ramo sem a rasgar.
De costas para o enorme Buda de pedra sento-me já demasiado cansada. Anoitece em Gion. Hora das gueixas. O sol põe-se e transforma os telhados em prata. Uma espécie de despedida de um mundo mágico. Fecho os olhos e sonho com Kyoto de outros tempos.
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